JAQUES "ESTÁ DE MÃOS ATADAS" À BALIZA DO SANTA LUZIA

JAQUES NÃO LARGA A BALIZA DO SANTA

Jaques, é com muita satisfação que estamos aqui contigo nesta sala, assinalando a tua renovação com o Santa Luzia.

És uma atleta com perfeita identificação com o clube e que tens vindo a fazer um notável trabalho de crescimento desportivo que culminou com a escolha da nossa equipa técnica para que integrasses, novamente, o quadro de atletas seniores femininas do Santa Luzia.

A confiança da equipa técnica é muito forte no grupo de guarda-redes que constituem o nosso plantel, e tu sabes que o trabalho que está a ser levado a cabo neste último ano, e que vai prosseguir, é um trabalho de enorme sacrifício para as atletas.

Exigiu mudança de mentalidade competitiva, disponibilidade muito grande para o treino e o jogo e uns nervos de aço para assimilar tanta informação num tão curto espaço de tempo.

Começamos por te perguntar como é que tu descreves, e sentiste, todo este processo de mudança operado no clube, desde a chegada do campeonato nacional?

O processo de mudança competitiva levou (e está a levar) o seu  tempo, porque tudo tem o seu timing dependendo de vários factores. A nível pessoal, só distingo os pequenos/grandes pormenores quando faço uma análise detalhada - e usando as ferramentas cedidas pela equipa técnica -  da minha performance. A  verdade é que quando o comprometimento é total, apenas pensamos treino a treino e jogo a jogo, porque pequenos passos feitos de uma forma sólida repercutem-se mais tarde numa boa e interessante maratona.

Se remontar um tempo atrás e olhando depois para o presente, é inegável que tudo mudou na secção de futsal feminino. Desde o treino até ao pensar o jogo. Foi-nos imposto pela equipa técnica um nível de entrega, que arrisco-me a dizer, em poucos clubes se encontra. O meu obrigada por o fazerem, temos todos juntos crescido com isso.

O que te levou a aceitar o convite para a renovação de contrato?

Quem convive comigo sabe perfeitamente o quanto prezo as cores da minha cidade e o respeito que nutro pelo clube. Para mim, é uma honra estar aqui, pois estou no Santa Luzia desde que o mesmo militava no campeonato distrital e ascendeu ao mais alto patamar: o campeonato nacional. Aqui, assisti a muitas dificuldades, mas quando temos gosto pelo que fazemos e quando temos a perfeita consciência de que o que fazemos é importante, a vontade é de fazer mais e mais. Declinar o convite da equipa técnica para integrar a equipa, seria  contrariar a ordem natural dos acontecimentos, pois quando existe uma relação baseada na confiança e honestidade não existe grande margem para que tudo não acabe com o final pretendido. Eu sinto-me motivada com a metodologia e com o grupo. Então porque não aceitar? A resposta está à vista.

Muito bem, achas que conseguirias definir a prestação do Santa Luzia neste primeiro campeonato nacional e, já agora, como perspectivas o futuro da nossa equipa?

Na minha modesta opinião, só alguém que não acompanhe o trajeto do clube ficaria extremamente surpreendido com o que foi conseguido após o primeiro campeonato nacional. Olhando para trás, fica um sabor agridoce pois tenho noção que com um pouco mais de experiência no plantel e os resultados teriam sido ainda mais surpreendentes. Porém, não podemos desvalorizar tudo o que o conseguimos alcançar enquanto equipa, mas principalmente enquanto grupo esta época. Entenda-se, são aspectos diferentes mas que combinados, são uma arma poderosa.

Analisando a época anterior tenho a dizer que provamos que não somos um dos parentes pobres da competição e que temos um projeto sólido onde a tendência é crescer. Facto que comprova isso mesmo, são os reforços que recentemente integraram o grupo. A todos elas, o meu muito bem-vindas, tenho a certeza que gostarão de trabalhar connosco.

Em relação ao futuro da equipa, as perspectivas são bastante animadoras. Reforçamo-nos com jogadoras que dispensam apresentações e que por si só acrescentam uma qualidade e experiência ao plantel de uma forma inequívoca. Que venha a pré-época para começarmos o trabalho!

És uma guarda redes com uma “raça” invulgar. Dona de um feitio muito competitivo, senhora do teu nariz e altamente concentrada no teu rendimento desportivo. Isto são, apenas, algumas características que nós identificamos sobre ti.
Mas tu, certamente, tens a tua opinião formada.
Como te defines como guarda redes? Quais as tuas principais características?

Certamente existem pessoas mais indicadas para referirem as minhas características, mas tenho noção que tenho as minhas valências embora precise de as trabalhar. Se tivesse que referir um aspecto em particular, escolheria realmente a minha “raça”. É algo que me é reconhecido porque a minha vontade é de aprender e melhorar, mesmo quando as dificuldades são imensas, tento abstrair-me e render ao máximo. A posição de guarda-redes é muito específica, exige mais concentração e lucidez na hora de agir pois temos um número mais reduzido de ações. Podemos fazer um jogo com uma percentagem altíssima de boas intervenções, mas se sofremos um golo que por exemplo nos retira a vitória, o que ficará futuramente para os registos é isso mesmo. Por isso é importante trabalhar afincadamente e com objectivos. Se eu estiver bem, a equipa estará mais solta e confiante. O mesmo se estende às minha colegas de posição.

Relativamente à competitividade do campeonato nacional, como perspectivas que será o nível da próxima edição?

Sem retirar a qualidade das equipas que disputaram o campeonato na época passada, a verdade é que as classificações existem para alguma coisa e a alguém teria que calhar a triste sorte de descer ao campeonato distrital novamente. Em relação às equipas que subiram este ano, estas passaram por um processo duro para cá chegarem, e, naturalmente, vêm com toda a vontade de cá permanecerem. Penso que o campeonato será mais exigente devido a isso, e inevitavelmente devido à imprevisibilidade de resultados. Todas as equipas de norte a sul vão ter que trabalhar seriamente para verem os seus objectivos concretizados sob pena de que caso não o façam, os ditos objectivos traçados serem uma miragem. Isto tem que ser encarado como um estímulo, o futsal hoje em dia, é algo pensado ao pormenor. Já não se pode inventar muita coisa, mas podem-se criar rotinas e mecanismos de jogo para surpreender o adversário. Toda a gente tem que se preparar, mas principalmente nós.

E, por último e não menos importante, quais são as tuas expectativas relativamente ao desempenho da nossa equipa – Santa Luzia – no próximo campeonato?

Como já referi, as expectativas são as melhores. A ambição neste momento está lá no alto, mas um passo de cada vez. Roma e Pavia não se fizeram num só dia, e apesar de saber que vamos trabalhar ao mais alto nível, há que saber que o projeto está em desenvolvimento. As bases estão criadas e a ser amadurecidas mas o futuro está no futuro. Vamos agora trabalhar para chegar lá!